sábado, outubro 27, 2007

Cagliostro


O último alquimista - Conde Cagliostro, o mestre da Magia na Idade da Razão
Autor: Iain McCalman







SINOPSE: "Eternizado em óperas, romances, filmes, canções e bandas desenhadas, Giuseppe Balsamo, o conde Cagliostro, é uma das personalidades mais fascinantes de todos os tempos. Nascido em 1743, na Sicília, conseguiu enganar ou fascinar grande parte dos mais poderosos nobres, dos maiores sacerdotes e dos principais pensadores da Europa do século XVIII. O último alquimista, de Iain McCalman, é uma biografia que explica o porquê de Cagliostro despertar o encantamento e o desprezo da humanidade há 250 anos."


Comentário:
Obra muito interessante que nos dá a conhecer o percurso longo e atribulado de Giuseppe Balsamo, o Conde Cagliostro, desejado por muitos e indesejado por tantos outros como Casanova, Maria Antonieta, ou a imperatriz russa Catarina a Grande. Envolvido em inúmeras polémicas como a história do colar de diamantes, na corte francesa de Maria Antonieta, que o levou a passar uma temporada na Bastilha, Cagliostro ficou marcado como mito, charlatão ou clarividente, digno de incredulidade ou admiração, continuando até hoje como um mistério.
Associado à maçonaria, aos Illuminati, aos Templários, sobre ele se escreveu muita coisa. Alexandre Dumas escreveu um romance em dez volumes, Alexandre Dumas filho escreveu uma peça e Orson Welles interpretou Cagliostro no cinema.

No livro:
"Cada cidade italiana tem o seu santo protector. (...) Que figura poderia personificar a capital siciliana, ser o arquétipo desse "palermitanismo" que tornou a cidade famosa? A escolha mais óbvia é a do charlatão, impostor, alquimista, falsário, sedutor e burlão do século XVIII que se fazia chamar Conde Cagliostro".

Vicenzo Salerno

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sábado, outubro 20, 2007

Dois filmes de Buñuel


Viridiana
Ano: 1961
Elenco:
Silvia Pinal
Francisco Rabal
Fernando Rey
Margarita Lozano









Le Charme Discret de la Burgeoisie - O charme discreto da Burguesia

Ano: 1972
Elenco:
Fernando Rey
Paul Frankeur
Julien Bertheau
Milena Vukotic
Stéphane Audran
Delphine Seyrig
Jean Pierre Cassel



Comentário:
Tanto em "Viridiana" como em "O Charme discreto da Burguesia" Buñuel filma despreocupadamente, criticando mordazmente, mas a crítica tem alvos diferentes e é apresentada também de forma diferente.
Em "Viridiana" temos uma jovem noviça que visita o seu tio viúvo, que acaba por tentar seduzi-la. Não o conseguindo o tio suicida-se e Viridiana abandona o convento pela culpa que carrega, dedicando-se à caridade, abrigando, na casa que pertencia a seu tio, alguns mendigos (o próprio significado do nome Viridiana relaciona-se com altruísmo e doçura, características principais da personagem). Claro que a caridade cristã de Viridiana acaba por mostrar-lhe a outra face do Ser Humano, a maldade, as tentações, a libertinagem, que ingenuamente desconhecia.
Buñuel acabou por atingir a igreja Católica e o próprio Vaticano condenou e censurou o filme, considerando-o blasfemo. Buñuel, de forma ousada, chega a reconstruir a última ceia de Da Vinci com o libertino grupo de mendigos.
Para além da crítica central, à religião, está também presente a crítica à sociedade da época e à burguesia. Mas maior crítica à burguesia vamos encontrar em "O charme discreto da burguesia", aqui de forma mais cómica, com cenários menos mórbidos e muito mais surrealistas, onde seis personagens burguesas, cujas verdadeiras essências corruptas, se escondem por detrás da capa burguesa.
O filme combina realidade com sonho, e nele desfilam inúmeras personagens caricatas e situações risíveis. Um jantar entre os burgueses que nunca se completa pela constante interrupção de situações surreais. O bispo que quer ser jardineiro, os soldados que irrompem e se juntam ao jantar, o sonho de um dos soldados, o desconhecido que se senta na mesa de um fino salão de chá (onde se esgotam as tisanas, o chá e o café) para contar a sua história, os sonhos das personagens, o restaurante onde se vela um morto. Em suma, o surrealismo de Buñuel na crítica à hipocrisia, à vaidade e à mentira.
Dois bons filmes, como todos os de Buñuel, em estilos diferentes, mas ao mesmo tempo singulares com o toque inconfundível deste grande cineasta.

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domingo, outubro 14, 2007

Uma caixa e um quarto

The Kovak Box
Realização: Daniel Monzón
Elenco: Timothy Hutton, Lucía Jiménez, David Kelly

Sinopse:
David Norton, um escritor norte-americano de ficção científica é convidado para dar uma conferência numa ilha paradisíaca. Na noite em que chega com a namorada, pede-a em casamento e ela aceita, mas horas depois, a noiva atira-se pela janela. Parece suicídio, mas para David isso não faz sentido.

1408
Realização: Mikael Håfström
Elenco: John Cusack, Mary McCormack, Samuel L. Jackson

Sinopse:
O número 1408 é um quarto em que ninguém se atreve a ficar. Mike Enslin é um escritor que já escreveu vários "best-sellers" onde desacredita fenómenos paranormais. Como fonte de inspiração para o seu próximo livro, Enslin pretende provar que o quarto 1408 não está assombrado e que tudo não passa de um mito.

Comentário:
The Kovac Box- História interessante, vai causando algum suspense. Interpretações menores. Um bom filme de fim-de-semana, sem aborrecer em demasia.
1408- Primeiro que tudo devo dizer que gosto de Mikael Håfström. Gostei muito de "Evil" e também de "Derailed". Não gostei tanto assim de 1408, talvez por ter expectativas mais elevadas.
Em 1408 destaco a brilhante interpretação de John Cusack, que continua a ser um grande actor e neste filme consistente com o papel.
O espaço claustrofóbico em que se desenrola o filme, ou seja, o quarto 1408, o comportamento paranóico de John Cusack e a forma como é filmado são de facto suficientes para nos deixar, em alguns momentos, susceptíveis de apanhar um susto ou outro.
No entanto creio que a história se prolonga demasiado e os momentos criados à volta da filha do protagonista tornam-se desnecessários, devido à recorrência melodramática.
Não li a história, mas creio que deve merecer ser lida e apesar de alguns pontos negativos, o filme merece ser visto, porque tem o seu valor cinematográfico entre o género. No entanto, entre as adaptações de obras de Stephen King, encontramos muitas superiores (sem pensarmos na excelente adaptação de Shining, do grande mestre Kubrick). De qualquer das formas, merece uma passagem por uma sala de cinema!

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quarta-feira, outubro 03, 2007

Os comedores de pérolas


Os Comedores de Pérolas - João Aguiar

Sinopse:
Jornalista de profissão e escritor nas horas vagas, Adriano descobre-se, de repente, na meia-idade. A vida não passa de um jogo extremamente cruel e ele dá consigo "sentado à beira da água opaca, a fumar o cachimbo e a morder um caule de erva que sabia a fénico"… O resultado do choque é um suicídio frustrado e uma fuga, sem esperança para Macau.
Em Macau, descobre um passado de que nunca suspeitara e descobre também a angústia sorridente da próxima reintegração na China. Mas a "pérola do Oriente" reserva-lhe uma outra surpresa: mergulhado brutalmente numa intriga que já fez vários mortos, Adriano é obrigado a esquecer as reflexões pessimistas sobre a vida e o mundo, para ceder ao instinto primitivo de lutar pela sua sobrevivência.

Comentário:
"Os comedores de pérolas" faz parte de uma trilogia do autor (juntamente com "Dragão de Fumo" e "A Catedral Verde") sobre Macau.
O livro partindo de uma espécie de intriga policial, acaba por focar o papel da China e de Portugal em relação a Macau, deixando no ar a despedida que se avizinhava em 1999.
Após uma administração que durou 442 anos, a Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal (nome dado pela administração portuguesa) passou para as mãos da China e o autor vai-nos dando algumas amostras das transformações e influências ocorridas, de parte a parte.
Numa escrita sempre bem humorada e irónica João Aguiar volta a surpreender-me, e a confirmar a opinião que sempre vou tendo cada vez que leio um livro seu. Para mim é dos melhores escritores portugueses, ou pelo menos dos mais interessantes e simples, longe das pretensões de muitos outros.


"Ter passado do Nada para o Talvez é o que levo comigo.
Não é uma fé que satisfaça o padre Frazão. Mas já é alguma coisa.
Não será em vão que, por enquanto, esta ainda é a Cidade do Nome de Deus."

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