sexta-feira, outubro 06, 2006

Recordações por este rio acima...





Descobri Fausto, quando andava no 10º ano, através da professora mais marcante da minha vida, actualmente a minha doce e querida amiga São. Nas suas aulas de português, em que olhando para ela, nos lembrávamos automaticamente do "clube dos poetas mortos", ela não ensinava apenas a literatura, mas a música e a história, com emoção e vontade, com força e originalidade.
Nessa altura, tinha eu 15 anos, descobri o álbum "por este rio acima" de Fausto, e ficou-me sempre no ouvido a música "o barco vai de saída", e ficaram-me sempre na memória as letras de Fausto e aquelas belas aulas de português, que contribuiram para o que sou hoje, curiosamente...professora de português.
À São dedico este post, à São dedico a minha gratidão e admiração eterna, e fica-me sempre o sonho de vir a ser uma professora para os meus alunos, como ela foi para mim. Grandiosa e indubitavelmente preciosa!

Fausto:
Oficialmente, Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias nasceu em 26 de Novembro de 1948, em pleno oceano Atlântico, a bordo de um navio chamado "Pátria" que viajava de Portugal para Angola. Foi nesta antiga colónia portuguesa que passou a infância e adolescência e começou a interessar-se por música. Filho de beirões, assimilou os ritmos africanos a que juntaria, mais tarde, os das suas origens lusas.

O barco vai de saída

O barco vai de saída
Adeus ó cais de alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P´ra lá da loucura
P´ra lá do equador

Ah! mas que ingrata ventura bem me posso queixar
Da pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida

Sem contar essa história escondida
Por servir de criado a essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de lisboa

Gingão de roda batida
Corsário sem cruzado
Ao som do baile mandado
Em terras de pimenta e maravilha
Com sonhos de prata e fantasia
Com sonhos da cor do arco-íris
Desvairas se os vires
Desvairas magia

Já tenho a vela enfunada
Marrano sem vergonha
Judeu sem coisa sem fronha
Vou de viagem ai que largada
Só vejo cores ai que alegria
Só vejo piratas e tesouros
São pratas são ouros
São noites são dias

Vou no espantoso trono das águas
Vou no tremendo assopro dos ventos
Vou por cima dos meus pensamentos
Arrepia
Arrepia
E arrepia sim senhor
Que vida boa era a de lisboa

O mar das águas ardendo
O delírio dos céus
A fúria do barlavento
Arreia a vela e vai marujo ao leme
Vira o barco e cai marujo ao mar
Vira o barco na curva da morte
Olha a minha sorte
Olha o meu azar

E depois do barco virado
Grandes urros e gritos
Na salvação dos aflitos
Esfola, mata, agarra
Ai quem me ajuda
Reza, implora, escapa
Ai que pagode
Reza tremem heróis e eunucos
São mouros são turcos
São mouros acode

Aquilo é uma tempestade medonha
Aquilo vai p´ra lá do que é eterno
Aquilo era o retrato do inferno
Vai ao fundo
Vai ao fundo
E vai ao fundo sim senhor
Que vida boa era a de lisboa.

http://www.attambur.com/Noticias/20021t/fausto.htm

Etiquetas:

5 Comments:

Blogger Hugo said...

É curioso! Também conheci Fausto com esse álbum, um belo vinyl que o meu pai tem lá por casa.

2:08 da manhã  
Blogger Susana Fonseca said...

Precisamente, ouvi-o também em vinyl, que pertencia à São e gravei-o em cassete.
Outros tempos de facto!

2:15 da manhã  
Blogger d. said...

Curiosamente hoje acordei com esta música! Só não era o fausto que cantava... ;)

9:06 da manhã  
Blogger Luis Eme said...

Com essa vontade, de certeza que és uma boa professora... mesmo sem subires pelo rio acima.

2:20 da tarde  
Blogger Fernando Martins said...

Um excelente cantautor, um dos melhores LP's de sempre de Portugal - só um lapso: Fausto nasceu em Vila Franca das Naves e em bebé foi para Angola.

12:29 da manhã  

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