sábado, julho 07, 2007







Irei cuspir-vos nos túmulos (J'irai cracher sur vos tombes (1946)- Boris Vian (sob o pseudónimo de Vernon Sullivan)

Boris Vian (Ville-d'Avray, 10 de Março de 1920 — Paris, 23 de Junho de 1959)



Comentário:
Este foi o primeiro (e único até agora) livro de Vernon Sullivan que li. Ou seja, já tinha lido Boris Vian, escritor que aprecio, e tinha alguma curiosidade em ler alguma das suas obras sob o seu pseudónimo. A verdade é que, tal como em Pessoa encontramos profundas diferenças entre os seus heterónimos, em Boris Vian e Vernon Sulllivan encontramos também algumas diferenças consideráveis. Vernon Sullivan parece-me mais realista, mais cru, mais explícito.
Este "irei cuspir-vos nos túmulos" é um livro de alguma violência, sofreu inclusivamente a censura que o retirou do mercado americano na época, considerando o livro excessivamente realista.
A história foca o racismo, reunindo o preconceito constante entre as classes, e o efeito que este pode ter naqueles que são vítimas deste racismo, desta marginalização. Toda a história parece evoluir num crescendo e precipitar-se para um único objectivo, a vingança, a vingança em nome de uma vítima, a vingança em nome dos estigmatizados pela cor, pela classe.
Violento, realista, ou sádico, não deixa de ser uma obra a ler, com uma escrita tão acessível que facilmente se termina a leitura.

Excerto do livro:
"Ela deitou-se no chão; possuí-a ali, imediatamente, mas sem me deixar ir até ao fim. Procurei acalmar-me, apesar dos meus malditos movimentos de rins; consegui fazê-la gozar antes de eu próprio gozar alguma coisa. Nessa altura, falei-lhe:
- Faz-lhe sempre assim tanto efeito ir para a cama com homens de cor?
Ela não respondeu nada. Estava completamente aturdida.
- Porque, pela parte que me toca, tenho mais de um oitavo de sangue negro.
Ela tornou a abrir os olhos e eu trocei. Ela não compreendia. Então contei-lhe tudo..."

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5 Comments:

Blogger Oberon said...

O "Elas não dão por ela" e o "Morte aos feios" especialmente, são também dois pequenos policiais deliciosos e irónicos...

12:07 da tarde  
Blogger A. Pinto Correia said...

É um autor que igualmente aprecio pela sua imensa capacidade de se desmultiplicar em várias actividades artísticas. "Erva Vermelha" é um dos seus trabalhos que mais admiro. sabendo reflectir o humor com mestria e esgrimindo a crítica mordaz mas feroz como arma de arremesso, Boris é sem dúvida um dos grandes mestres da literatura do século XX.
Beijinhos.

10:19 da manhã  
Blogger spring said...

olá lua obscura!
boris vian e vernon sullivan a cara e coroa da mesma moeda. Lemos "O Outono em Pequim" e "A Espuma dos dias" e depois comparamos com o "Irei cuspir-nos nos túmulos", "Morte aos feios" e "Elas não dão por ela" e descobrimos como diferente è a sua escrita.
Quando os livros de Vernon Sullivan surgiram nos escaparates em Paris, a critica elogiou a sua escrita e o seu autor, "americano sem duvida alguma"... essa mesma crítica que escrevia o pior sobre Boris Vian, ele na época divertiu-se imenso.
Boris Vian partiu deste mundo a ver um filme numa sala de cinema, escreveram que morreu, mas mais uma vez foram enganados, porque ele permance bem vivo no meio de nós através da sua escrita.
Os 3 livros do Sullivan estão editados na regra do jogo.
cumprimentos cinéfilos
paula e rui lima

3:29 da tarde  
Blogger d. said...

Desafio no meu blog! Passa por lá! Beijinhos ;)

8:23 da tarde  
Blogger serotonina said...

Eu sou grande admiradora de Vian, gosto da escrita surrealista. Acho admiráveis: Arranca Corações, Espuma dos Dias e as Formigas.

5:58 da tarde  

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