Uma tarde com Jim Carrey
Não sendo grande apreciadora de Jim Carrey, hoje resolvi dedicar-lhe uma tarde. Assim sendo, vi "O despertar da mente" e o "Número 23". Estes filmes, de géneros completamente diferentes, deixam um traço comum e inegável, Jim Carrey é um bom actor, versátil, mas por vezes talvez mal aproveitado.
Descobri que o meu dilema em relação a ele, é precisamente o hábito que criei de associá-lo sempre a uma série de comédias que vi (género que não aprecio muito e do qual, por isso, exijo em demasia), que o tornaram conhecido do público, onde vejo sempre os mesmos esgares, as mesmas palermices e essa repetição faz-me sempre associar Jim Carrey ao mesmo tipo de papéis e cansar-me.
Ora bem, nos filmes que vi hoje à tarde, dou a mão à palmatória e digo que Carrey vale a pena (sem esquecer Truman Show).

Título: The Number 23 (Número 23)
Ano: 2007
Realização: Joel Schumacher
Argumento: Fernley Phillips
Elenco: Jim Carrey, Virginia Madsen, Danny Huston.
Sinopse:
Um homem recebe um misterioso livro da sua mulher. Ao lê-lo reconhece várias das passagens como sendo da sua vida, o que o torna cada vez mais paranóico.

Título: Eternal Sunshine of the Spotless Mind (O Despertar da mente
Ano: 2004
Realização: Michel Gondry
Argumento: Charlie Kaufman
Elenco: Jim Carrey, Kate Winslet, Kirsten Dunst, Elijah Wood, Mark Ruffalo, Tom Wilkinson.
Sinopse:
Joel é surpreendido com a descoberta de que Clementine, a namorada, apagou as memórias da sua relação. Desesperado, contacta o inventor do processo para que este lhe elimine as memórias de Clementine.
Comentário:
Número 23- Tendo uma premissa boa, e uma boa interpretação de Jim Carrey, o filme decepcionou-me um pouco. A forma como a história é contada e retratada deixa um travo de um filme menor, com momentos algo dispensáveis e um tanto absurdos.
Numa tentativa de mostrar um lado noir, as partes em que vemos o detective Fingerling (representado também por Jim Carrey) tornam-se um tanto exaustivas. A história de Walter Sparrow, a narração da sua crescente obsessão demora a desenrolar, inclusivamente parece impossível que a personagem demore tanto tempo a ler um livro que se torna o cerne da sua vida, enquanto o filho numa noite praticamente o lê. Ou seja, pormenores demasiado irreais. O final é também um tanto ou quanto previsível, porque desde o início, embora com uma narrativa demorada, denotamos a ligação possível de Walter Sparrow à história do livro.
O que posso concluir e reforçar é de facto a premissa que é interessante e a interpretação de Jim Carrey, o resto é muito fraco, mesmo que reconheça em alguns filmes de Schumacher (como Phone booth, The Client ou Falling down) alguma qualidade, não encontro o mesmo em Number 23.
O despertar da mente – Bem, aqui a história é outra, não só a história do filme, mas como também tudo o que o envolve.
Se Charlie Kaufman foi autor de grandes argumentos como "Being John Malkovich", ou "Adaptation", em "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" superou-se.
Quanto a Michel Gondry, conhecido pelos excelentes videoclips criados para Björk ou The Chemical Brothers, é sem sombra de dúvida um grande e peculiar realizador. Vi primeiro "The Science of Sleep" e só agora "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", mas encontro na forma como o filme é realizado grandes semelhanças, já que estamos num mundo de sonhos e memórias e a forma como Gondry os trata é de todo invulgar e especial.
Mas à parte a questão dos sonhos, das memórias e das lembranças, em "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", encontramos, por entre o drama e a comédia, uma bonita história de amor (sem aquele aspecto lamechas a que o género está muitas vezes submetido).
As personagens desempenhadas por Jim Carrey e Kate Winslet são uma prova de que o amor resulta entre pessoas tão diferentes, desencontradas e opostas na vida, mas tão próximas e encontradas nesse eterno sentimento que nos alegra a vida a todos.
As interpretações são excelentes, em particular Jim Carrey (tão diferente das suas comédias repetitivas) e mesmo as personagens secundárias têm, embora menores, grandes interpretações, como Elijah Wood, Mark Ruffalo, Kirsten Dunst e Tom Wilkinson.
A realização é sem dúvida criativa com cenários invulgares (encontrados também em The Science of Sleep) mas a representar bem as memórias e os sonhos que vivem dentro do nosso subconsciente.
A banda sonora fantástica, com destaque para a versão de Beck da música "Everybody's Gotta Learn Sometimes" dos Korgis.
Ou seja, se um filme tem um argumento magnífico e invulgar, uma realização extremamente criativa, uma banda sonora fenomenal e um leque de actores com representações irrepreensíveis, o que podemos dizer de um filme assim?
Eu digo: A ver, a rever, MAGNÍFICO!!!
"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd"
Alexander Pope
Descobri que o meu dilema em relação a ele, é precisamente o hábito que criei de associá-lo sempre a uma série de comédias que vi (género que não aprecio muito e do qual, por isso, exijo em demasia), que o tornaram conhecido do público, onde vejo sempre os mesmos esgares, as mesmas palermices e essa repetição faz-me sempre associar Jim Carrey ao mesmo tipo de papéis e cansar-me.
Ora bem, nos filmes que vi hoje à tarde, dou a mão à palmatória e digo que Carrey vale a pena (sem esquecer Truman Show).

Título: The Number 23 (Número 23)
Ano: 2007
Realização: Joel Schumacher
Argumento: Fernley Phillips
Elenco: Jim Carrey, Virginia Madsen, Danny Huston.
Sinopse:
Um homem recebe um misterioso livro da sua mulher. Ao lê-lo reconhece várias das passagens como sendo da sua vida, o que o torna cada vez mais paranóico.

Título: Eternal Sunshine of the Spotless Mind (O Despertar da mente
Ano: 2004
Realização: Michel Gondry
Argumento: Charlie Kaufman
Elenco: Jim Carrey, Kate Winslet, Kirsten Dunst, Elijah Wood, Mark Ruffalo, Tom Wilkinson.
Sinopse:
Joel é surpreendido com a descoberta de que Clementine, a namorada, apagou as memórias da sua relação. Desesperado, contacta o inventor do processo para que este lhe elimine as memórias de Clementine.
Comentário:
Número 23- Tendo uma premissa boa, e uma boa interpretação de Jim Carrey, o filme decepcionou-me um pouco. A forma como a história é contada e retratada deixa um travo de um filme menor, com momentos algo dispensáveis e um tanto absurdos.
Numa tentativa de mostrar um lado noir, as partes em que vemos o detective Fingerling (representado também por Jim Carrey) tornam-se um tanto exaustivas. A história de Walter Sparrow, a narração da sua crescente obsessão demora a desenrolar, inclusivamente parece impossível que a personagem demore tanto tempo a ler um livro que se torna o cerne da sua vida, enquanto o filho numa noite praticamente o lê. Ou seja, pormenores demasiado irreais. O final é também um tanto ou quanto previsível, porque desde o início, embora com uma narrativa demorada, denotamos a ligação possível de Walter Sparrow à história do livro.
O que posso concluir e reforçar é de facto a premissa que é interessante e a interpretação de Jim Carrey, o resto é muito fraco, mesmo que reconheça em alguns filmes de Schumacher (como Phone booth, The Client ou Falling down) alguma qualidade, não encontro o mesmo em Number 23.
O despertar da mente – Bem, aqui a história é outra, não só a história do filme, mas como também tudo o que o envolve.
Se Charlie Kaufman foi autor de grandes argumentos como "Being John Malkovich", ou "Adaptation", em "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" superou-se.
Quanto a Michel Gondry, conhecido pelos excelentes videoclips criados para Björk ou The Chemical Brothers, é sem sombra de dúvida um grande e peculiar realizador. Vi primeiro "The Science of Sleep" e só agora "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", mas encontro na forma como o filme é realizado grandes semelhanças, já que estamos num mundo de sonhos e memórias e a forma como Gondry os trata é de todo invulgar e especial.
Mas à parte a questão dos sonhos, das memórias e das lembranças, em "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", encontramos, por entre o drama e a comédia, uma bonita história de amor (sem aquele aspecto lamechas a que o género está muitas vezes submetido).
As personagens desempenhadas por Jim Carrey e Kate Winslet são uma prova de que o amor resulta entre pessoas tão diferentes, desencontradas e opostas na vida, mas tão próximas e encontradas nesse eterno sentimento que nos alegra a vida a todos.
As interpretações são excelentes, em particular Jim Carrey (tão diferente das suas comédias repetitivas) e mesmo as personagens secundárias têm, embora menores, grandes interpretações, como Elijah Wood, Mark Ruffalo, Kirsten Dunst e Tom Wilkinson.
A realização é sem dúvida criativa com cenários invulgares (encontrados também em The Science of Sleep) mas a representar bem as memórias e os sonhos que vivem dentro do nosso subconsciente.
A banda sonora fantástica, com destaque para a versão de Beck da música "Everybody's Gotta Learn Sometimes" dos Korgis.
Ou seja, se um filme tem um argumento magnífico e invulgar, uma realização extremamente criativa, uma banda sonora fenomenal e um leque de actores com representações irrepreensíveis, o que podemos dizer de um filme assim?
Eu digo: A ver, a rever, MAGNÍFICO!!!
"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd"
Alexander Pope
Etiquetas: Universos de cinema
10 Comments:
Ainda não vi este Número 23, mas o teu texto não me deixou nada curioso para o ver...
Talvez num dia que passe na TVI à noite e eu esteja com insónias...
CONSTRUTOR
Construir uma noite é fácil demais
Basta juntar todos os pesadelos
E deixar-se embriagar pelos luares
Desembaraçar estrelas aos novelos
Tecendo distantes constelações
Nos nadas azuis do firmamento imóvel
Até que as distâncias unifiquem os tons
Parindo do escuro a negritude móvel.
Mais complicado é inventar o dia
Tem-se que ser operário da luz
Colher claridade do claro que se irradia
E bordar da luz do sol pontos de cruz.
Um beijo
Naeo
Olá! Encontrei por acaso o teu blogue e perdoa-me a correcção ao título: "cino" é um prefixo que diz respeito a cães (um "cinófilo", por exemplo, é um entendido ou coleccionador de canídeos), pelo que deveria ser "CINEbibliomusicais".
Um abraço,
Bracken
O Jim Carrey é mesmo um ator sensacional, eu sou fã dele e até entendo essa sua recusa pelos primeiros filmes dele.
O eternal sunshine of the spotless mind é sem dúvida, um dos meus filmes preferidos. Estou curiosa com o 23.
Também, sempre associei o Jim às comédias parvas, mas naquele filme reconciliei-me com o actor.
Tb fiquei com uma má impressão dele devido aos 1ºs filmes, mas veio a surpreender, sim!
olá lua obscura!
nós não somos grandes fans do Jim, mas existem dois filmes que adoramos, "The Truman Show" e "The Majestic" este último, muito pouco conhecido, com um argumento que poderia ter sido assinado pelo Frank Capra, uma película comovente.
cumprimentos cinéfilos
paula e rui lima
Um filme decepcionante e uma quase obra-prima. Número 23 é terrível porque Joel Schumacher não consegue manter um segredo oculto até o final da película. Ele entrega suas intenções finais de bandeja ao espectador. Já Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (como foi lançado por aqui) é belíssimo, original, foge da mesmice desse cinema atual que nos faz correr atrás - como doidos! - de filmes interessantes. E, sim, Jim Carrey vale a pena como ator. Gostaria que ele abandonasse de vez a comédia. Ah! você também postou sobre Amor à Flor da Pele, do Wong Kar-Wai. Belíssimo!
Meus outros blogs:
http://cave.zip.net
http://fotovoyeur.zip.net
http://houseagency.blogspot.com
Não vi o nº23 mas o Eternal Sunshine é das mais bonitas histórias de amor dos últimos anos, tão forte que resiste no subsconsciente... a ideia é lindíssima e o filme é um espectáculo de emoções, desde inadaptação a frustração, de entusiasmo a euforia, de raiva a esperança... Fortíssimo, de encher a alma toda :)
Bracken:- Obrigada, mas o nome do blog nasceu de um trocadilho, embora seja agramatical. O cino não se refere a cinema, pretendendo ser um prefixo para tal. Seria um trocadilho do género: "cin ou biblio..." Cinema, ou livros, ou músicas.
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