Os malefícios da blogosferaSinopse:Hoje de manhã recebo um telefonema de uma amiga minha que me diz: "Um parvalhão, ou parvalhona, fez um comentário infeliz no teu blog…"
Como não estava junto a um computador a minha amiga fez-me o favor de limpar o(s) dito(s) comentário(s), porque eram dois em posts diferentes (um mal nunca vem só).
Comentário:Ora bem, no post a propósito de um desafio sobre cinco escolhas literárias, o(a)"ilustre" anónimo(a) fazia referência ao facto de eu andar perdida, ou sempre ter sido alguém perdido, num tom bastante peculiar, não só pelo uso de minúsculas a seguir a pontos finais, como também pelo uso de curiosos diminutivos como "perdidita", "coitadita", "penita" (mas desde já agradeço a preocupação, não é todos os dias que alguém, anonimamente, se preocupa com a nossa vida de forma tão altruísta).
Associando ao post em questão diria que o anónimo(a) não seja concordante com as minhas escolhas literárias e, quem sabe, desta forma, possa achar que ando perdida nas opções literárias que faço.
No post seguinte, sobre um livro de Boris Vian, sob o pseudónimo de Vernon Sullivan, o(a) ilustre anónimo(a) referia-se a mim como "filha" (o que me poderia levar a questionar se teria mais de um pai ou de uma mãe, o que para uma filha única poderia ser considerado como um acréscimo para apagar a ausência de irmãos. Novamente uma preocupação altruísta).
Continuava ainda, num tom peculiar, questionando novamente se andaria eu perdida, à procura de "macho" (o que me leva a crer que este anónimo(a) pertence a uma espécie animal, devido ao epíteto usado).
A questão era, também ela, colocada de forma original com a expressão "cadê" (talvez apenas por uma predilecção pelo português do Brasil, porque definitivamente o "meu/minha" "ilustre" anónimo(a) não tinha nada de brasileiro).
Depois continuava com a sugestão de eu procurar num contentor o dito macho (esqueceu-se apenas de referir em que tipo de contentor, porque com a reciclagem é difícil saber onde procurar. Altruísta mas também negligente pela informação incompleta).
O peculiar da sugestão era a conjugação verbal "já pensas-te" (o que denota algum desconhecimento da gramática, mas ninguém é perfeito).
E terminava o seu comentário inteligente com esta frase: "encontra-se uma coisitas coitadita". Novamente problemas com a gramática, desconhecimento de singular e plural, ou mesmo de pontuação, mas devo elogiá-lo, novamente pelos peculiares diminutivos e pelas amigáveis sugestões e aconselhamentos feitos a mim, tão importante pessoa para este(a) anónimo(a).
Ora bem, o título de "malefícios da blogosfera" não suscita neste momento grandes explicações, porque, pelo que referi anteriormente, percebemos que, no meio de tanta gente inteligente, que pretende fazer da blogosfera uma partilha de ideias, gostos e ideais, surgem energúmenos que, de madrugada, resolvem tentar enxovalhar blogs alheios, de forma absurda, destrutiva, pueril e profundamente animalesca (mas o(a) "ilustre" anónimo(a) deu provas suficientes de ser de uma espécie, não desconhecida, mas espero que em extinção, de seres desocupados e frustrados).
Ao cuidado de um "ilustre" anónimo(a): Lisboa, Julho de 2007
Querido(a) anónimo(a)
Agradeço a devoção e preocupação extrema em relação a mim e, como recompensa e retribuição, deixo-lhe uns conselhos:
- Estudar a gramática da Língua Portuguesa (havendo várias opções, mas para a sua maturidade talvez uma de nível elementar seja conveniente);
- Ser menos altruísta comigo e optar por diversas associações, que tanto carecem de ajuda humanitária;
- Ler os livros que aconselho nos meus posts, que tão agradavelmente comentou, pois talvez até nem os considere assim tão maus. Ou, quem sabe, consultar algum crítico literário da nossa praça que o possa elucidar e encaminhar;
- Fazer um curso de meditação, pois pode desta forma conseguir atingir alguma calma (pois o apego e a aversão nunca são bons conselheiros, tal como nos ensina o budismo);
- Encontrar outras actividades que possam ocupar o seu tempo (natação, equitação, cursos de informática, de inglês, etc) de forma a não sentir esse vazio que o impulsiona a querer, tão cavalheirescamente, ajudar os outros que considera "perdiditos", ou mais desfavorecidos e abandonados pela vida;
- Ser mais arguto na análise que faz sobre o Ser Humano e as suas necessidades, porque a menos que seja psicólogo, antropólogo ou sociólogo (e estou em crer que não porque são profissões de adulto e não de crianças) não me parece de todo competente para este tipo de análise;
- Ou, caso não seja assim tão anónimo(a), pode sempre pegar no telefone e ligar-me, desta forma eu poderei (não pela escrita, às vezes mais impessoal) através da minha voz, construindo um diálogo com emissor/receptor, orientá-lo para algum especialista que o possa curar desses padecimentos de alma.
Mas enfim, como me tocou profundamente no coração, deixo-lhe aqui no meu blog (que visita e comenta, mesmo que a horas em que as pessoas que trabalham, e têm vida, dormem) uma música do António Variações, que talvez possa servir de auto-ajuda e dispensá-lo da tarefa dolorosa de procurar (e ler, tarefa que deve ser exaustiva para si) livros dessa temática.
Com os melhores e mais sinceros cumprimentos